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Fonte: Portal do governo do Acre |
Nossa postagem de hoje é continuação da postagem da semana passada, lembra?
Você vai precisar baixar o livro digital do MEC Clique aqui para acompanhar junto comigo o raciocínio dessa postagem.
Vamos por a mão na massa?
Projetos
Como percebeu, no livro tem relato de projetos para várias faixas etárias.
Vamos focar na educação infantil, mas se entender o que está por trás de cada projeto, conseguirá aplicar em qualquer faixa etária.
Escolhi apenas um projeto para exemplificar aqui. A faixa etária escolhida é de 6 anos. Mas se quiserem que eu escreva sobre outros projetos e faixas etárias desse livro digital, é só deixar aqui nos comentários ou então na minha página.
A GAMELEIRA (Pág. 7)
Quando se trata de plantas, qual a forma mais comumente escolhida pelos professores para pensar num projeto?
Dia da árvore ou da primavera.
Ou então o professor conclui: As crianças gostam muito de natureza. Então vamos trabalhar o projeto natureza, ou projeto meio ambiente, certo?
Observe aqui que a escolha foi estudar 1(uma), apenas uma árvore especifica. Já pensou nisso?
Mas por que essa árvore? Será que a professora pesquisou na internet uma árvore diferente, achou essa e pensou...: "acho que as crianças vão gostar"?
Ou então a professora achou importante trabalhar a natureza e procurou na internet um projeto pronto sobre GAMELEIRAS?
Não, não, não!
É aqui onde se justifica um projeto.
A justificativa não deve ser pega de um livro com frases lindas prontas. Não.
Deve ser realmente o MOTIVO que justifica a realização daquele tipo de projeto.
O motivo pela qual ele seria importante de verdade para a turma.
Nesse caso, as crianças estão no ACRE. E o trajeto que as crianças fazem tem uma árvore que passa despercebida da maioria e as crianças nem imaginam o valor histórico dela. E a árvore faz parte da comunidade.
O projeto portanto, proporcionará um maior conhecimento da própria região onde moram e a valorização dela. Mas observarão durante o projeto que não se trata apenas de uma valorização da natureza e sim de tudo que envolve essa árvore.
Podemos dizer que a árvore foi o disparador para o desenrolar do projeto.
Claro que a professora também observou se a faixa etária já teria condições de absorver essas informações. O mesmo projeto não seria viável para crianças de 2 anos por exemplo.
Para começar a professora precisava descobrir o que as crianças sabiam sobre a gameleira. Qual a escolha?
Será que foi sentar as crianças em roda e começar a fazer perguntas?
Olha só como costumamos ver em alguns lugares:
Professora pergunta: "Crianças, já viram aquela árvore da praça?
Crianças respondem em coro: "Ssssssiiiiiiimmmmmmm"
Professora pergunta: "Alguém sabe o nome dela?
Crianças respondem em coro: "Nnnnnnaaaaaaooooooo"
Alguém aí consegue me explicar por que essa forma de investigação não é eficaz?
Bem, a forma escolhida pela professora foi levar as crianças até o local onde fica a árvore e provocar alguns questionamentos. Ela precisava descobrir o que as crianças sabiam sobre o assunto.
Mas atenção!
Nada de perguntas onde as respostas já estão incluídas.
São perguntas que fazem com que as crianças pensem e falem aquilo que elas sabem. É provocar as falas das crianças e não apenas receber conhecimento que a professora trouxe.
Muito interessante que em uma das etapas de descobertas, foi pedido que as crianças registrassem aquilo que viram no passeio.
Muito provavelmente a professora conseguiria observar através do desenho o que ficou de importante para cada criança.
Ela não disse: "Crianças, agora vamos desenhar A ÁRVORE"
O que ela estaria fazendo se pedisse isso?
Estaria podando a criatividade e expressividade da criança. Seria uma atividade muito restrita e direcionada. Não mostraria o que realmente a professora precisa saber.
Você pode estar aí se perguntando: "Mas será que pedir para desenhar a árvore é uma atividade errada?"
A resposta é... Não necessariamente.
Tudo vai depender do contexto e.... Observe bem o que vou dizer...
CADA ATIVIDADE DEVE SER METICULOSAMENTE PENSADA PARA SABER SE REALMENTE ALCANÇARÁ O OBJETIVO NECESSÁRIO. UMA BOA ATIVIDADE COLOCADA NO MOMENTO ERRADO NÃO ATINGIRÁ SEU OBJETIVO.
Então... naquele momento a professora ainda estava na fase de investigação. Quer uma excelente forma de descobrir, observando o que as crianças registraram ali no desenho?
Se eles registrassem mais o colega ou a mãe ou um cachorro que passou, a professora pode fazer as adaptações necessárias no decorrer do projeto.
Então, juntando as informações das conversas informais com os desenhos, a professora já conseguiria ter um direcionamento do início do projeto.
Outras observações externas
Observaram que as pesquisas não ficaram concentradas apenas dentro da escola?
Foram ao Museu, à biblioteca. Além de conseguirem colher informações concretas do que precisavam, a professora conseguiu inserir a importância das visitas à esses locais. Talvez as crianças nunca desenvolvessem o gosto de passear em lugares assim se não fosse essa intervenção escolar.
Outra estratégia usada pela professora - teatro
Mas que tipo de teatro?
Perceberam que antes, ela pesquisou personagens principais que asseguraram ao Acre a condição de Estado?
Os teatros nas escolas são comumente usados para representar muitas datas comemorativas. Formas muito descontextualizadas.
No caso desse projeto, ele foi muito bem colocado num contexto. Tem tudo a ver com o projeto e as crianças conseguiram aprender e registrar na mente de uma forma mais lúdica quem são os personagens principais da historia do Acre. Eles se transformaram nos personagens.
As crianças fizeram outras visitas à Gameleira mas agora acompanhadas de um Guia da Secretaria do patrimônio histórico.
Será que essas etapas foram planejadas em cima da hora, de qualquer jeito. Com certeza não.
Não daria certo. Não alcançaria o objetivo.
Por isso a importância de pensar em cada etapa com cuidado.
O tipo de informação que as crianças obtiveram com o guia é bem diferente daquela da biblioteca ou do museu.
E as entrevistas programadas com moradores que moram perto da praça onde fica a árvore?
A professora proporcionou para as crianças diversas formas de obter conhecimento.
E observe também que as crianças foram estimuladas a formular perguntas de acordo com a curiosidade deles e não com o que a professora achava importante.
Isso é colocar as crianças como protagonistas do conhecimento.
O projeto deve ser interdisciplinar
Certo.
Mas como fazer isso na prática?
A professora aproveitou todo esse conhecimento, para ensinar como fazer paródias, poesias, textos.
Imagine o conhecimento construído: O que é uma paródia? O que é uma poesia? Qual a diferença entre eles?
As crianças foram estimuladas a criar esses registros, mas não assim simplesmente do nada. Estava mais uma vez contextualizada no projeto.
E o envolvimento dos pais?
Perceberam que eles estavam ativos em todo o projeto? Isso também não é de uma hora pra outra.
Com certeza foi necessário toda uma elaboração de como envolver os pais. Isso faz muita diferença no objetivo final.
Mas os pais não iriam participar só porque a professora pediu. Isso requer um grande planejamento ou então tudo vai por água abaixo.
O apoio da escola é fundamental para que um projeto tão grandioso tenha suas etapas realizadas. Se a coordenação e direção não estão acompanhando de perto tudo que está envolvido, fica muito difícil para a professora sozinha.
Agora leiam com cuidado o objetivo do PROJETO GAMELEIRA ali no final da explicação na página 11.
As crianças se sentiram parte da história do Acre.
O que acham? Será que o objetivo foi alcançado?
Na página 12 vemos também no que a escola acredita. Se tem uma visão clara dos seus objetivos, os projetos que envolverão as crianças sempre trarão conhecimentos relevantes.
Conseguiu perceber as diferenças de um projeto pego da internet de um projeto planejado de acordo com as necessidades da criança, trazendo conhecimentos relevantes?
Espero que tenham gostado.
Qualquer dúvida, entre em contato através de nossa página (clique aqui).
Abraços,
Lu Fernandes Pedagoga