VOCÊ VALORIZA (MESMO) OS DESENHOS DAS CRIANÇAS?

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De todo o tempo que estou na área da educação, sempre ouvi vários professores dizendo que SIM, valorizam o trabalho das crianças. Dizem que as crianças são protagonistas.
Mas e na prática? Será que isso é real?
Infelizmente ainda temos muitos colegas de trabalho que por anos repetem as mesmas atividades fazendo apenas pequenas adaptações de uma atividade aqui, outra atividade ali...

Vamos ver algumas que são corriqueiras e que poderão te fazer rever seu cotidiano escolar?


Quando você faz um planejamento sobre obras de arte

Bem, a ideia é maravilhosa.
Quais os artistas mais escolhidos nas escolas?
Talvez Miró, Tarsila do Amaral, Romero Britto.
O professor fez aquele super planejamento onde as crianças terão muito contato com obras de arte, o que traz um bom conhecimento cultural para os pequenos.
Mas, uma (ou até mais)  das atividades é: Fazer uma grande cópia de uma das obras na cartolina ou no papel pardo e pedir para as crianças pintarem, seja com guache, giz de cera, lápis de cor... ou até mesmo rasgar pedacinhos de papel para colar dentro do desenho.
E agora? Será que os desenhos e a criatividade da criança estão sendo valorizados?

Quando você faz um mural

Boa parte das escolas utilizam murais. 
Murais de festa junina, da primavera, ou outros eventos.
Mas o mural é feito pelas crianças ou para as crianças?
Boa parte diz que são feitos pelas crianças. 
Mas será que os detalhes já foram planejados pelo professor? 
O professor faz um desenho gigante do casal dançando a festa junina onde as crianças só pintam? 
Ou então aquele mural da primavera cheio de flores e árvores recortadas pelo professor. E ele ainda diz: Olha, é pra colar AQUI.
Tudo isso para que o mural fique bonito, perfeito aos olhos dos adultos.
E para ter "carinha de criança", o professor coloca várias fotos dos rostos das crianças dentro das flores.

Quando são feitas lembrancinhas para datas comemorativas

O professor diz: Vamos dar um lindo presente para a mamãe, ou papai.
Como será essa lembrancinha?
Será aquela cópia de desenho tirado da internet e distribuído igual para todas as crianças, mudando apenas as cores de lápis de cor usadas por elas?
Será que esse desenho está representando a individualidade da criança, de acordo com sua família?
Ou então o professor planeja uma lembrancinha com materiais recicláveis. 
A ideia seria ótima se não fosse o seguinte...
O professor faz praticamente toda a lembrancinha para que ela fique esteticamente bonita. Quando tem um toque da criança, o professor diz exatamente onde a criança deve pintar, ou marcar. 
De quem é a lembrancinha: da criança ou do professor?


Está sofrendo com seu TCC? A solução está aqui



Será que você se identificou com pelo menos uma dessas práticas acima? O que acha dessas práticas? Será que é assim que deve ser?

O que nos mostram os documentos




"... Entretanto, imagens abstratas ou renascentistas, por exemplo, também podem ser mostradas para as crianças. Nesses casos, há que se observar o sentido narrativo que elas atribuem a essas imagens e considerá-lo como parte do processo de construção da leitura de imagens. É aconselhável que as crianças realizem uma observação livre das imagens e que possam tecer os comentários que quiserem, de tal forma que todo o grupo participe. O professor pode atuar como um provocador da apreciação e leitura da imagem. Nesses casos o professor deve acolher e socializar as falas das crianças". (RCNei vol.3, pág 103).

Geralmente, a ideia de apresentar obras de artes para as crianças tem como um de seus objetivos ampliar o repertório gráfico deles. As obras de arte, sejam elas pinturas ou esculturas, devem ser mediadores. A ideia não é reproduzir as obras e sim que as crianças criem suas "obras", seus desenhos, usando elementos que aprenderam com aquele artista ou arte específica. 

"... É importante considerar, ainda, o percurso individual de cada criança, evitando-se a construção de modelos padronizados..." (RCNei vol.3 pág 98)

Quando construímos modelos padronizados? Quando usamos os mesmos modelos de flores ou árvores ou obras de arte para todas as crianças pintarem como se aquela fosse a unica forma correta de representar esses ( e outros) elementos.
Quando lemos as histórias onde as princesas, bruxas são todas iguais sem que haja um estimulo à imaginação das crianças de como seria uma princesa ou uma bruxa para elas, e não as representadas pelos filmes. 
E ainda mais uma vez entregamos um desenho para todos pintarem.

"... é comum que os adultos façam grande parte do trabalho, uma vez que não consideram que a criança tem competência para elaborar um produto adequado..." (RCNei vol.3 pág. 87)

O olhar de muitos adultos ainda é de que os rabiscos das crianças são feios, incompreensíveis e é necessário que o professor direcione tudo para que fique "bonito". Será? 

Esses e outros muitos trechos no Referencial Curricular nos trazem ótimas reflexões sobre nossas práticas.

Queremos mesmo valorizar as atividades das crianças? 

Sei que existem algumas situações em que atividades xerocadas (cópias iguais) são necessárias. 
Mas o educador deve ter muito claro quais são seus objetivos, suas expectativas com relação às crianças e a faixa etária que atende. 


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Abraços,
Lu Fernandes Pedagoga










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