PROJETO FÉRIAS - O QUE APRENDI COM O FILME: COMO ESTRELAS NA TERRA

, , No Comments

Nada melhor que assistir um filme relaxado em casa, não é mesmo? Uma pipoquinha... companhia dos familiares e amigos. Esse é sem dúvida um bom programa. 
Acompanhando as sugestões de férias, resolvi escolher um filme relacionado a área educacional. Muitos sites nos dão diversas sugestões, então escolhi um: COMO ESTRELAS NA TERRA.
Muitas colegas já assistiram e falaram que é um filme incrível. Acredito que muitos de vocês também já tenham assistido. 
Mas por algum motivo que não sei dizer qual é (rs), eu ainda não tinha visto.
Realmente agora entendo o motivo que levam todas as pessoas a comentarem que TODOS os professores devem assisti-lo. 
Confesso que chorei um bocado. Me segurei o máximo que pude, mas o filme é de uma sensibilidade impressionante. 
Também fico muito feliz em saber que em muitas faculdades, os professores recomendam aos alunos que assistam. É uma ótima preparação de OLHARES para os novos professores, pois não é nada fácil começar nessa carreira desafiadora. 
Bem, quero comentar pontos que achei importantes, instrutivos, esclarecedores, enfim......
Hei! Se você ainda não assistiu, assista primeiro antes de ler os comentários, senão vai perder a graça. 
Como é um filme difícil de achar, assisti pela internet mesmo (clique aqui). Se você tiver algum programa que faz download pode baixar e assistir em sua TV. Para fazer downloads gosto de usar o Atube. Acho fácil e prático de mexer. Não encontrei o filme dublado, mas não vejo problema em assistir legendado. 

A triste realidade de pais que não querem ver ou não aceitam que o filho possa ter alguma necessidade especial

No filme, a família é composta de 4 membros: pai, mãe e dois irmãos. O garoto Ishaan é o nosso foco. Mas o irmão dele é considerado muito inteligente porque vai bem em praticamente todas as matérias escolares.
Da mesma forma, eles querem que Ishaan seja "tão bom quanto" o irmão.
Aqui entra uma observação particular. Em alguns momentos nestes anos de trabalho com a educação, me deparei com situações onde nós que estávamos na escola, percebíamos que algumas crianças eram um pouco diferentes. A gente convive com muitas crianças diariamente e ano após ano. De uma certa forma acabamos notando um padrão escolar e conseguimos perceber mais facilmente quando algo não está dentro desse padrão. Acredito que isso seja uma coisa boa em certo aspecto pois, se o professor educador for dedicado e interessado em sua turma, ele usará esse conhecimento para entender o que se passa com cada criança e vai tentar ajuda-la da melhor forma possível. 
Mas o caso aqui é que em algumas dessas situações, tentamos conversar com os pais para procurar entender melhor a criança e poder ajudá-la, mas os pais simplesmente não aceitaram. Não viam, ou talvez não queriam ver, que seu filho precisava de uma atenção diferenciada. 
É o que mostra logo no começo do filme com os pais de Ishaan. Na forma retratada pelo filme, não acredito que seja por mal. Como os pais estão dentro da situação, é mais difícil perceber que as atitudes do filho mais novo não são como a do filho mais velho. E os motivos são maiores do que uma criança distraída ou travessa. 
A sociedade coloca o que seria um padrão normal de inteligência e sucesso. O pai de Ishaan aceita e acredita nesse padrão. Ele quer o melhor para os filhos (apesar de ser de uma forma muito rígida e eu diria ate severa) e acredita que fazer com que os filhos sigam esse padrão será o melhor para eles. Só que ele não aceita as atitudes diferentes de Ishaan. O garoto é tratado como preguiçoso, distraído, travesso, desinteressado. A mãe sendo mais compreensiva tenta ajudar o filho mas não consegue entender seu comportamento, que são tão diferentes do irmão. Mas como ambos acreditam que seja distração e travessura, não cogitam a possibilidade de haver algo por trás disso. 
Até hoje eu penso nessas crianças... Será que os pais em algum momento concordaram em levar o filho ao médico para fazer um diagnóstico e assim poder entender e ajudar melhor seu filho? 
Como nós professores termos que abordar uma situação diferenciada com os pais para que eles não achem que a escola esta rejeitando a criança e para que eles entendam que o intuito é só ajudar? Nós não somos médicos, e quem pode fazer um diagnóstico são apenas os profissionais especializados. Mas nós podemos ter um olhar diferenciado para com todas as crianças e procurar ajudar os pais a ver algo que muitas vezes eles não conseguem perceber. Que mal há em pelo menos levar ao médico? Se ele não constatar nada de diferente, que bom! Se ele descarta as suspeitas, os pais e os professores podem correr atrás de outros recursos que possam ajudar aquela criança que estaá tendo alguma dificuldade diferenciada. 

A escola tenta "ajudar" os pais

Continuando no ponto da ajuda escolar, no filme a primeira escola de Ishaan não se preocupa em saber o que acontece para que o menino tenha um comportamento tão diferente dos demais. Mais uma vez, o garoto é tachado e todos na escola tentam enquadra-lo nos padrões ditos normais. Na segunda escola, mais rígida, o pai acredita ser a única maneira de finalmente conseguir enquadrar o filho nesses padrões. Em certo momento do filme o professor vai conversar com o diretor para ajudar Ishaan. A primeira reação do diretor é, de certa forma, ficar feliz por saber que existe algo de "errado" com o garoto, e já diz logo que o lugar dele é numa escola especial.... 
Como assim? Será que é essa a visão que as escolas devem ter? Infelizmente muitas ainda são... As diversas reportagens que assistimos mostram que isso ainda está longe de acabar. Vai exigir sim um esforço maior de todos os membros da escola. Mas o direito a educação é de todos. 

A visão de professores e escolas que ainda enxergam as crianças diferentes como um problema

Me doeu demais ver o tratamento que os professores davam a Ishaan. E me doeu também pensar que essa é ainda uma realidade nua e crua. Quantas vezes já recebemos crianças que nós mesmos tachamos como indisciplinadas? Mas o filme também traz esse olhar. Seja indisciplina, seja uma necessidade especial, antes de julgar, devemos tentar entender o que se passa com cada criança que está sob nossa responsabilidade. Claro que cuidar de uma turma enorme todos os dias, não é nada fácil. O professor também fica cansado, estressado, esgotado. Mas se procurarmos entender a criança, o nosso ponto de vista também poderá mudar e ficará mais fácil lidar com certas situações. Tive a oportunidade de trabalhar com colegas excepcionais. Que cuidaram de crianças com necessidades especiais com tanto amor, carinho e dedicação que me deixavam impressionada. Apesar das dúvidas e inseguranças que surgiam sempre, elas dispunham de uma dedicação muito além de professor educador. Se estiverem lendo essa matéria, saberão que estou falando delas. Então, eu acredito sim que quando os professores querem, eles conseguem ajudar as crianças. 

O ponto de vista da criança - muito bem retratado pelo filme

Esse foi outro fator que mexeu demais comigo. Quando olhamos apenas para as atitudes, talvez só vejamos problemas e indisciplina. Mas como as coisas estão acontecendo pelo olhar da criança? O que ela vê? Como ela recebe as informações à sua volta? A sensibilidade em retratar a realidade de quem vive a dislexia foi magnifica. O menino escolhido para atuar como Ishaan tem um olhar que nos comove a cada atitude. Nós não temos como saber como cada criança com necessidades especiais diferentes recebem as informações ao seu redor. Cabe a nós então dar nosso melhor para eles (e para todas as crianças sendo mais especiais ou não) para que só tenham bons estímulos e consigam se sentir inseridos na sociedade. No filme, as atitudes externas de todos em volta de Ishaan quase tiraram todas as suas alegrias.

O aprendizado é muito mais que saber ler e escrever

Depois de ver o filme e fazer algumas pesquisas, entendo ainda mais a importância de estudar os pensadores da educação. (Essa matéria tem uma lista dos principais pensadores). Nesse caso em especial, Howard Gardner. Por quê? Ora, sua pesquisa feita com maestria sobre as inteligências múltiplas. 
Ishaan é extremamente inteligente. Mas não da forma convencional, da forma que a maioria espera. Porque essas outras inteligências, que não são ler e escrever, devem ter menos valor? 
Mais uma vez, o filme nos mostra essa importância de forma magnífica. 
Na educação, bato muito na tecla de que os educadores não devem dar ênfase maior para a escrita e numerais em detrimento de outras como artes ou música por exemplo. Elas são tão importantes quanto as outras. Muitas vezes os pais avaliam se o ambiente educacional do seu filho é bom ou ruim pelo aprendizado da leitura e escrita. É ai onde devemos enfatizar aos educadores e aos pais, que existem outras inteligências importantíssimas a serem valorizadas também. Como citado no filme, grandes gênios eram disléxicos, como Picasso e Walt Disney. 
Quando a inteligência de Ishaan foi valorizada, ele passou de criança problema, para um exemplo de aluno, o que resultou num olhar diferente de todos os professores para com aquela criança. Isso refletiu na autoestima dele, e na felicidade dos pais também. 
Quando vamos conversar com os pais sobre seus filhos, damos ênfase apenas ao que julgamos ser indisciplina? Ou levamos os pais a valorizar os potenciais da criança?  
Vou estudar Gardner novamente, mas agora com outro olhar (Rs). 

A explicação que o professor dá aos pais sobre o que é dislexia

A forma com que o professor se interessou pelo caso de Ishaan é muito interessante. Ele foi observando, coletando informações, investigando. Claro que seu caso pessoal ajudou. Mas vemos no filme que ele também atua em um local com crianças que tem outras necessidades especiais. E a atenção dada a cada uma, é de acordo com o que ela precisa.
Ele se interessou de verdade por aquela criança. Foi alem do que os outros professores viam. Foi até a casa dos pais para mostrar que seu filho não tinha nada de errado. Ele só precisava ser entendido de acordo com suas necessidades. Volto aqui a alguns tópicos acima. Talvez os pais não percebiam ou não queriam perceber. Alguém de fora (nesse caso o professor) ajudou os pais a perceberem isso. Mas para isso, o professor estava preparado. Sabia que ponto abordar para mostrar que Ishaan era disléxico. Os pais tiveram que concordar pois as atitudes relatadas pelo professor correspondiam a tudo que Ishaan fazia. 
A forma como vamos procurar ajudar os pais deve ser baseada em argumentos sólidos e não em "achismos". Devemos pesquisar bem para depois conversarmos com eles sobre nossas suspeitas. Mais uma vez vale lembrar que não daremos diagnósticos, mas podemos dar pistas de que algo a mais precisa ser observado. Também não vamos despejar isso como um problema. Temos que mostrar fatos e também mostrar possíveis estratégias de ajuda, caso seja aquele o diagnóstico confirmado. A família se sente mais segura. Para outras sugestões, vejam essa matéria aqui do site

Uau! Foram tantas lições que tirei desse filme que ainda teria muito mais coisas a dizer. 
Mas gostaria de saber de vocês que aprendizados tiraram desse filme espetacular. 
Vamos complementar o que foi dito aqui e enriquecer nosso olhar. 
Deixo abaixo links relacionados ao filme e também sobre dislexia para aumentarmos o conhecimento. 

Curiosidades sobre o filme - Blog Cinema Indiano - A crítica sobre o filme é maravilhosa. Vale a pena conferir.



Obrigada a todos.
Lu Fernandes Pedagoga.

0 comentários:

Postar um comentário