Coordenadores e professores conversam sobre os assuntos importantes a serem falados na tão esperada reunião de pais. Alguns dizem:
- Temos que falar dos piolhos. Tem muita criança na sala com a cabeça cheia.
- As crianças estão se machucando demais. Temos que falar para os pais que mantenham as unhas das crianças curtas.
- Estou muito preocupada com a indisciplina dessa e daquela criança. Isso não pode ser deixado de lado na hora da reunião.

O bilhete enviado aos pais diz:
Sua presença é MUITO importante.

Passada a reunião, o assunto da escola é:
- Só veio meia duzia de pais. Os que eu mais precisava conversar não vieram.
- Será que os pais não percebem que é muito importante vir à reunião? Precisamos tratar de assuntos relacionados aos filhos deles!

Você já passou por isso? Já se viu nessa situação?

Porque será que a frequência dos pais às reuniões se encontra tão baixa em muitas escolas?

Por um lado, a equipe escolar quer e precisa conversar com os pais. O momento dessa reunião tão aguardada (que talvez aconteça de 2 em 2 meses dependendo do calendário da escola) é o momento ideal. Mas a frequência é muito baixa.

Por outro lado os pais que estão na correria do dia a dia e pedem saída mais cedo do trabalho ou se organizam entre outros compromissos para estar presentes, querem saber o que esta acontecendo com seus filhos. Mas escutam repetidamente as mesmas informações.

Temos um ponto importante aqui meus amigos!
Como unir essas duas necessidades?
Como falar de assuntos urgentes, importantes para o andamento do trabalho e conseguir convencer os pais de que a presença deles é muito importante?

Infelizmente já parece uma tradição escolar colocar na reunião de pais os assuntos citados acima.

Só que os pais que estão na maior correria muitas vezes se sentem desanimados pois já sabem que vão ouvir sempre as mesmas informações:
- Já sei que o(a) professor(a) vai falar que meu filho bateu em metade da sala!
- O(a) professor(a) vai falar de novo do piolho. Eu já cuidei, mas parece que eles não tem fim. Nem vou na reunião pra não ouvir outro sermão!
- O professor passa a reunião inteira falando. Sinto até sono!

Muitos de vocês já devem estar se perguntando:
- Mas se eu não falar desses assuntos importantes nesse momento, quando vou falar? E se não forem esses assuntos, o que vou falar na reunião?

E mais um ponto: 
- Como aumentar a frequência de pais nas reuniões?

A ideia é relativamente simples.
Faça reuniões de interesse para os pais.
Como assim?

A grande maioria dos pais não sabe o que acontece dentro de uma escola de educação infantil.
É no momento da reunião que eles tem oportunidade de conhecer a equipe da escola que trabalha para oferecer o melhor para a criança. E a melhor oportunidade para explicar aos pais todos os aprendizados das crianças na Escola de Educação Infantil.

Vamos pensar juntos aqui em uma sugestão e a partir dela, você pode criar a melhor forma para sua escola e para seu grupo, pois cada local tem suas características e necessidades próprias. 


Montando uma pauta:
Vamos pensar que no calendário escolar estão definidas reuniões bimestrais. Então vocês terão 6 reuniões no ano. (fevereiro, abril, junho, agosto, outubro, dezembro).

Faça um planejamento onde em cada uma delas os pais participem de um aspecto da rotina de seu filho. (ela pode ser alterada durante o ano de acordo com a necessidade, mas não deixe de planejar essa anual para já ter muitas idéias em mente). 

Vamos pensar que o tema de uma das reuniões seja MOMENTO DA HISTÓRIA.
Mande aquele bilhete bem elaborado para os pais com esse tema.

Planejando e organizando a reunião


- Cd de música clássica;
- livro de qualidade, selecionado com muito critério;
- panos, puffs, almofadas, tatames;
- cartolina, canetões, folhas de sulfite;
- impressos.

Desenvolvimento: 
Escolha um livro maravilhoso, com uma historia envolvente. Sabe aquele livro que você já leu varias vezes e as crianças amam? Então..... esse é o escolhido. 
Prepare a sala para ficar com um clima bem aconchegante, com tatames, puffs, meia luz, panos coloridos pendurados, e tudo o mais que costumam fazer para encantar as crianças na hora da roda de história. Faça esse mesmo momento especial com os pais.

Conforme eles vão chegando, já os faça entrar no clima, talvez até com uma música de fundo bem suave. Receba-os com muita atenção.
Depois que o tempo de espera acabou, inicie a reunião dizendo que sera lida uma historia. Se for de seu habito, cante aquela musiquinha ou aquele verso inicial, antes de começar a leitura.
Aprendi que enfatizar o nome da história, seu autor e/ou ilustrador, e a editora também é muito importante. Então, inclua essa informação no início da roda.
Faça desse momento, mágico. Finalize também daquele jeito especial que você faz com as crianças.

Encerrada a história faça algumas perguntas aos pais. Esse é o momento que o foco sai um pouco de você e permite uma interação entre todos. Podem perguntar:

O que acharam da história?
O que sentiram ao ouvir a história?
O que te chamou atenção nesse momento: A história em si, o clima preparado?
Será que vocês aprenderam algo nesse momento? O quê?

Continuem a discussão dizendo que as crianças também ouvem histórias todos os dias. 
O que será que as crianças aprendem?
Será que os pais acham importante ter esse momento na escola do filho? Por que?

Essas perguntas já darão uma boa conversa com os pais. Eles terão a oportunidade de se expressar e entender a importância desse momento na rotina do filho.

Prepare uma atividade para os pais realizarem, relacionada ao tema da reunião.
Quem sabe dividir os pais em equipe, e cada equipe escolhe um livro da sala para contar aos outros pais.
Ou quem sabe preparar um desenho relacionado a historia que ouviram para os professores entregarem para o filho depois. 

Enfim, deixem a imaginação fluir, mas podem ter certeza que será um momento muito descontraído. Eles vão se soltar mais. 

Digam aos pais que a educação infantil abrange muitos aspectos e que as histórias ajudam as crianças a se tornarem cidadãos leitores e críticos.
Incentive-os a ler historias em casa para os filhos.
A vivência que os pais tiveram nesse momento terá um impacto muito maior do que simplesmente chegar em um determinado momento da reunião e dizer: 
Leiam historias para eu filho!
Percebe a diferença? Eles agora tem a vivência. Sabem qual é a sensação de se ouvir uma boa história de um forma prazerosa.

Peca que resumam o que os pais acharam dessa reunião. Ela te dará uma ideia do grau de aprovação e pode te dar ideias para as próximas reuniões. 

Prepare um presente para entregar no final que pode ser um pequeno livreto com Dicas de como contar histórias para o filho.

Agora dê os recados finais. 

Acredito que você percebeu que a reunião foi dividida em 5 momentos:

- Fala dos professores;
- Troca de opiniões dos pais baseado em perguntas dos professores; 
- Atividade realizada pelos pais;
- Avaliação dos pais sobre o que foi proposto;
- Recados finais dos professores.

Essa "fórmula" pode ser sua base para montar todas as outras reuniões. Se você tiver mais sugestões, compartilhe conosco. Ela será muito bem vinda.

E quando vou falar daqueles assuntos mencionados no começo da matéria?
Você pode falar apenas como recados rápidos no final da reunião. Não são para se tornar o assunto principal.
Se quiser dar enfase em algum problema, imprima um folhetinho explicativo sobre formas eficazes de tratar os piolhos das crianças. Só entregue. Como está escrito, depois poderão ler com calma em casa.
Se for algum caso mais urgente, veja se os pais podem ficar após a reunião para conversarem um pouco com eles. Caso não possam, marque uma reunião particular para outro momento. Vale muito mais a pena. As chances de ter mais resultados são maiores. Algumas explicações de como uma reunião com os pais pode ser muito eficaz estão aqui nessa matéria Birras em casa e na escola

Claro que não vai ser na primeira reunião que todos os pais vão começar a participar, e tudo vai ser um conto de fadas. NÃO amigos!

Como já existe um longo histórico de assuntos que são ditos em reuniões, os pais terão que se acostumar de que na escola do filho dele é diferente. As reuniões são importantes, instrutivas e que eles aprendem coisas que podem usar depois. Isso pode levar meses. Mas não desistam. Implantem uma nova cultura de reunião de pais.

Mais algumas ideias para outras reuniões


- Se estão fazendo um projeto sobre alimentação saudável, apresente o projeto aos pais, diga e mostre o porque ele é importante para as crianças.  Prepare uma receita com os pais, e deixe lição de casa. Eles podem procurar uma receita com um item especifico do projeto, por exemplo, beterraba. Cada um deve mandar uma receita que fez em casa com o filho com esse item. E no final do ano, juntar as receitas de todos os pais, montar um livro e entregar na Mostra Cultural.

- Se quer reforçar como os pais podem aprender o momento certo para o desfralde monte uma pauta bem interessante sobre isso, trazendo textos, vídeos e faça uma discussão onde todos participem,. Pode ate dividir em grupos, entregando um pequeno texto para cada grupo. Eles devem preparar um pequeno seminário dizendo o que aprenderam para os outros pais. Um teatrinho representativo também vale e é muito divertido (rs). Descontração e aprendizado com os pais.

Não esqueça de entregar algo no final que conclua o assunto principal da reunião.

Enfim, cada escola e cada sala com sua realidade, pode pensar no tema que acha mais importante abordar e utiliza-lo para fazer reuniões memoráveis.

As ideias apresentadas aqui não devem ser usadas se não estiverem de acordo com sua realidade. E sempre são necessárias algumas adaptações. Por isso use-as como inspiração. 

Com o passar do tempo, um pai vai falando para o outro, e para o outro que as reuniões são muito boas e instrutivas.

E na sua escola já fazem reuniões eficazes com os pais?
Vamos trocar ideias de pautas e de formas eficazes de fazer reuniões?

Todos nós educadores amamos trocar experiências e aprender com o outro. 


Grandes Abraços,
Lu Fernandes Pedagoga



Para aqueles que já fizeram a matricula de seu filho e aguardam o inicio do ano letivo, vão aqui algumas dicas que farão toda a diferença no desenvolvimento do pequenino.
Já conversamos sobre as coisas importantes que seu filho vai aprender no CEI e na educação infantil como um todo. (veja a matéria aqui
Também já vimos uma matéria que fala como seu filho pode aprender a gostar da escola. 

Mas como os pais podem contribuir para que a criança se desenvolva melhor?

Estou escrevendo essa matéria e me lembrando de vários exemplos de pais presentes no CEI. Passa um filme na minha mente de como era sua relação tanto comigo quando estava em sala de aula, quanto com as professoras, quando eu já estava atuando na coordenação pedagógica, e como esses filhos tinham um diferencial. 

Não sei explicar...
É muito interessante.
Realmente essas crianças tinham (e tem) uma alegria maior. Temos a sensação de que elas aprendem melhor. É difícil de explicar. Mas eu atribuo isso a presença e interesse dos pais.  Podem dizer que estou exagerando. Mas é verdade. Com o tempo a gente percebe sutis diferenças e conseguimos ver na prática o que ouvimos diversas e diversas vezes por toda a nossa vida: O principal exemplo é o dos pais.  

Quais as atitudes que esses pais tinham (e tem) que definem essa diferença?

1- Sempre se mostram interessados em tudo que a criança faz no CEI

No começo do dia, os pais já chegam conversando bastante com a criança, e com muita alegria. Despedem-se do filho com muita segurança (mesmo que por dentro esteja um pouco triste de se afastar do filho por algumas horas) dizendo que o ama e que daqui a pouco vem buscá-lo.  Dá um monte de beijinhos no filho (rs).

Também sempre que possível, esses pais entram na sala da criança e vão junto com ela olhar as atividades feitas tanto por ela quanto pelos colegas de sala. E conversam de verdade. Por menor que a criança seja, e ainda não retribua a conversa no mesmo nível, ela esta entendendo tudo. Vai ajudar muito na sua fala e desenvoltura mais pra frente.

Eu imagino que em casa esses pais também conversam bastante com o filho quando recebem "atividades" para fazer.

Por exemplo: O professor pede para os pais mandarem por escrito uma música de roda que cantavam quando eram crianças. Imagino os pais lendo esse bilhete para o filho com entusiasmo. Depois, cantando e ensinando para a criança aquela música. E por fim escrevendo junto com a criança (por menor que ela seja) para mandar no dia seguinte para o CEI. 

Porque eu imagino que essa sequencia aconteça? 

Porque essa criança chega diferente no CEI. Ela já chega toda empolgada balbuciando ou já falando para o professor sobre o que tem na sua mochila ou em suas mãos. As vezes ela já arrisca cantar um pouco para o educador, querendo que ele aprenda o que seus pais ensinaram para ele em casa.
Muitas vezes os pais já incentivam na hora que chegam no CEI dizendo: "Vai filho mostra pro professor a musiquinha, mostra!" 
Imaginem como essa criança se sente incentivada a participar!

Por isso eu digo e repito. O CEI (creche) faz a sua parte. Mas o incentivo e apoio dos pais fazem toda a diferença. 
E assim deve ser: Pais e escola unidos pela educação e desenvolvimento das crianças. 

2- Dão um BOM DIA bem alegre e agradável para o professor(a)

Um sorriso no rosto não faz mal a ninguém não é mesmo? Também os pais incentivam o filho a fazer o mesmo, e quando possível até conversam um pouco com o professor, formando um elo maior entre eles. A criança também aprende a confiar mais naquele adulto que seus pais estão demonstrando amizade.

3- Procuram conhecer bem o professor de seu filho

Como na reunião de pais ou nos eventos da escola. Geralmente esses pais estão presentes em tudo. Perguntam como está o desenvolvimento do filho; Mostram-se disponíveis para resolver algum probleminha (de alguma indisciplina por exemplo), entre outras coisas. E estou falando de pais que também trabalham. Mas eles conversam com o patrão e usam seu direito de estar presentes na vida escolar do filho. 

Sugestões complementares

Faça questão de estar presente na primeira reunião do ano

Caso seja o primeiro ano de seu filho no CEI, ou Escola de Educação Infantil, a primeira reunião de pais definirá muitas coisas. 
Procure conhecer o máximo possível a pessoa que cuidará de seu filho. 
Para isso, faça perguntas na reunião que te ajudem a esclarecer suas dúvidas.
Preste atenção as informações passadas pelo professor. Uma delas costuma ser: Como agir nos primeiros dias do filho no novo espaço. Esse é um momento novo para a criança e as vezes difícil. Sua colaboração com o professor e sua postura como pais, pode diminuir muito essa dificuldade. Mas para isso, vocês pais devem se sentir seguros com o profissional que vai cuidar de sua criança. 

Já vi alguns casos onde um dos cônjuges gosta do espaço que a criança vai ficar, mas o outro, não. Nesse caso, é muito interessante que os dois participem da reunião e esclareçam qualquer dúvida. Isso costuma passar mais confiança, e tira muitas "pulguinhas" que estão atrás da orelha. (rs) 
Ah! Todas as outras reuniões também são importantes, ok?

Participe de atividades e eventos

Durante o evento, peça pra criança mostrar qual é a atividade dela. Pergunte o que ela fez naquela atividade. Elogie. Pergunte para os professores do que se trata aquela atividade. O que as crianças aprendem com ela. Você vai se surpreender.

Esteja sempre em contato com a creche. Esteja disponível. 

Talvez alguns de vocês estejam se perguntando: Mas isso é muio óbvio!
Vou contar um tipo de situação que já vi se repetir incontáveis vezes.

A criança teve uma dor de barriga ou um mal-estar a noite. Os pais observaram e aparentemente foi algo momentâneo. Os pais decidem levar a criança para o CEI.
No decorrer do dia a criança tem outro mal-estar. A escola passa um tempo enorme tentado entrar em contato com os pais ou algum responsável. Ligam para todos os "500" números de telefones deixados na ficha da criança e nenhum funciona.
Quando por fim, conseguem um retorno de alguém, os pais chegam ao CEI e dizem: "Ah! Eu já sei o que é.... Ele estava assim desde ontem a noite, mas como achei que não era nada, resolvi mandar para a escola".

Como assim? Mas não avisou a escola, os professores? 
Pois é! E isso é mais comum do que vocês imaginam.

Se você sabe que não vai conseguir ter aquele momento de uma pequena conversa com o professor logo que chegar, deixe na mochila um bilhetinho bem legal explicando o que aconteceu (para que os professores estejam cientes caso notem algo diferente no decorrer do dia). E mostre-se disponível para o caso da criança voltar a se sentir mal. 

Um bilhete para os professores dizendo sobre o ocorrido e um telefone no bilhete para contato rápido, pode evitar muitas dores de cabeça para todos. 

Esperam que tenham gostado das dicas.
Abraços e mais abraços
Lu Fernandes Pedagoga





Nada melhor que assistir um filme relaxado em casa, não é mesmo? Uma pipoquinha... companhia dos familiares e amigos. Esse é sem dúvida um bom programa. 
Acompanhando as sugestões de férias, resolvi escolher um filme relacionado a área educacional. Muitos sites nos dão diversas sugestões, então escolhi um: COMO ESTRELAS NA TERRA.
Muitas colegas já assistiram e falaram que é um filme incrível. Acredito que muitos de vocês também já tenham assistido. 
Mas por algum motivo que não sei dizer qual é (rs), eu ainda não tinha visto.
Realmente agora entendo o motivo que levam todas as pessoas a comentarem que TODOS os professores devem assisti-lo. 
Confesso que chorei um bocado. Me segurei o máximo que pude, mas o filme é de uma sensibilidade impressionante. 
Também fico muito feliz em saber que em muitas faculdades, os professores recomendam aos alunos que assistam. É uma ótima preparação de OLHARES para os novos professores, pois não é nada fácil começar nessa carreira desafiadora. 
Bem, quero comentar pontos que achei importantes, instrutivos, esclarecedores, enfim......
Hei! Se você ainda não assistiu, assista primeiro antes de ler os comentários, senão vai perder a graça. 
Como é um filme difícil de achar, assisti pela internet mesmo (clique aqui). Se você tiver algum programa que faz download pode baixar e assistir em sua TV. Para fazer downloads gosto de usar o Atube. Acho fácil e prático de mexer. Não encontrei o filme dublado, mas não vejo problema em assistir legendado. 

A triste realidade de pais que não querem ver ou não aceitam que o filho possa ter alguma necessidade especial

No filme, a família é composta de 4 membros: pai, mãe e dois irmãos. O garoto Ishaan é o nosso foco. Mas o irmão dele é considerado muito inteligente porque vai bem em praticamente todas as matérias escolares.
Da mesma forma, eles querem que Ishaan seja "tão bom quanto" o irmão.
Aqui entra uma observação particular. Em alguns momentos nestes anos de trabalho com a educação, me deparei com situações onde nós que estávamos na escola, percebíamos que algumas crianças eram um pouco diferentes. A gente convive com muitas crianças diariamente e ano após ano. De uma certa forma acabamos notando um padrão escolar e conseguimos perceber mais facilmente quando algo não está dentro desse padrão. Acredito que isso seja uma coisa boa em certo aspecto pois, se o professor educador for dedicado e interessado em sua turma, ele usará esse conhecimento para entender o que se passa com cada criança e vai tentar ajuda-la da melhor forma possível. 
Mas o caso aqui é que em algumas dessas situações, tentamos conversar com os pais para procurar entender melhor a criança e poder ajudá-la, mas os pais simplesmente não aceitaram. Não viam, ou talvez não queriam ver, que seu filho precisava de uma atenção diferenciada. 
É o que mostra logo no começo do filme com os pais de Ishaan. Na forma retratada pelo filme, não acredito que seja por mal. Como os pais estão dentro da situação, é mais difícil perceber que as atitudes do filho mais novo não são como a do filho mais velho. E os motivos são maiores do que uma criança distraída ou travessa. 
A sociedade coloca o que seria um padrão normal de inteligência e sucesso. O pai de Ishaan aceita e acredita nesse padrão. Ele quer o melhor para os filhos (apesar de ser de uma forma muito rígida e eu diria ate severa) e acredita que fazer com que os filhos sigam esse padrão será o melhor para eles. Só que ele não aceita as atitudes diferentes de Ishaan. O garoto é tratado como preguiçoso, distraído, travesso, desinteressado. A mãe sendo mais compreensiva tenta ajudar o filho mas não consegue entender seu comportamento, que são tão diferentes do irmão. Mas como ambos acreditam que seja distração e travessura, não cogitam a possibilidade de haver algo por trás disso. 
Até hoje eu penso nessas crianças... Será que os pais em algum momento concordaram em levar o filho ao médico para fazer um diagnóstico e assim poder entender e ajudar melhor seu filho? 
Como nós professores termos que abordar uma situação diferenciada com os pais para que eles não achem que a escola esta rejeitando a criança e para que eles entendam que o intuito é só ajudar? Nós não somos médicos, e quem pode fazer um diagnóstico são apenas os profissionais especializados. Mas nós podemos ter um olhar diferenciado para com todas as crianças e procurar ajudar os pais a ver algo que muitas vezes eles não conseguem perceber. Que mal há em pelo menos levar ao médico? Se ele não constatar nada de diferente, que bom! Se ele descarta as suspeitas, os pais e os professores podem correr atrás de outros recursos que possam ajudar aquela criança que estaá tendo alguma dificuldade diferenciada. 

A escola tenta "ajudar" os pais

Continuando no ponto da ajuda escolar, no filme a primeira escola de Ishaan não se preocupa em saber o que acontece para que o menino tenha um comportamento tão diferente dos demais. Mais uma vez, o garoto é tachado e todos na escola tentam enquadra-lo nos padrões ditos normais. Na segunda escola, mais rígida, o pai acredita ser a única maneira de finalmente conseguir enquadrar o filho nesses padrões. Em certo momento do filme o professor vai conversar com o diretor para ajudar Ishaan. A primeira reação do diretor é, de certa forma, ficar feliz por saber que existe algo de "errado" com o garoto, e já diz logo que o lugar dele é numa escola especial.... 
Como assim? Será que é essa a visão que as escolas devem ter? Infelizmente muitas ainda são... As diversas reportagens que assistimos mostram que isso ainda está longe de acabar. Vai exigir sim um esforço maior de todos os membros da escola. Mas o direito a educação é de todos. 

A visão de professores e escolas que ainda enxergam as crianças diferentes como um problema

Me doeu demais ver o tratamento que os professores davam a Ishaan. E me doeu também pensar que essa é ainda uma realidade nua e crua. Quantas vezes já recebemos crianças que nós mesmos tachamos como indisciplinadas? Mas o filme também traz esse olhar. Seja indisciplina, seja uma necessidade especial, antes de julgar, devemos tentar entender o que se passa com cada criança que está sob nossa responsabilidade. Claro que cuidar de uma turma enorme todos os dias, não é nada fácil. O professor também fica cansado, estressado, esgotado. Mas se procurarmos entender a criança, o nosso ponto de vista também poderá mudar e ficará mais fácil lidar com certas situações. Tive a oportunidade de trabalhar com colegas excepcionais. Que cuidaram de crianças com necessidades especiais com tanto amor, carinho e dedicação que me deixavam impressionada. Apesar das dúvidas e inseguranças que surgiam sempre, elas dispunham de uma dedicação muito além de professor educador. Se estiverem lendo essa matéria, saberão que estou falando delas. Então, eu acredito sim que quando os professores querem, eles conseguem ajudar as crianças. 

O ponto de vista da criança - muito bem retratado pelo filme

Esse foi outro fator que mexeu demais comigo. Quando olhamos apenas para as atitudes, talvez só vejamos problemas e indisciplina. Mas como as coisas estão acontecendo pelo olhar da criança? O que ela vê? Como ela recebe as informações à sua volta? A sensibilidade em retratar a realidade de quem vive a dislexia foi magnifica. O menino escolhido para atuar como Ishaan tem um olhar que nos comove a cada atitude. Nós não temos como saber como cada criança com necessidades especiais diferentes recebem as informações ao seu redor. Cabe a nós então dar nosso melhor para eles (e para todas as crianças sendo mais especiais ou não) para que só tenham bons estímulos e consigam se sentir inseridos na sociedade. No filme, as atitudes externas de todos em volta de Ishaan quase tiraram todas as suas alegrias.

O aprendizado é muito mais que saber ler e escrever

Depois de ver o filme e fazer algumas pesquisas, entendo ainda mais a importância de estudar os pensadores da educação. (Essa matéria tem uma lista dos principais pensadores). Nesse caso em especial, Howard Gardner. Por quê? Ora, sua pesquisa feita com maestria sobre as inteligências múltiplas. 
Ishaan é extremamente inteligente. Mas não da forma convencional, da forma que a maioria espera. Porque essas outras inteligências, que não são ler e escrever, devem ter menos valor? 
Mais uma vez, o filme nos mostra essa importância de forma magnífica. 
Na educação, bato muito na tecla de que os educadores não devem dar ênfase maior para a escrita e numerais em detrimento de outras como artes ou música por exemplo. Elas são tão importantes quanto as outras. Muitas vezes os pais avaliam se o ambiente educacional do seu filho é bom ou ruim pelo aprendizado da leitura e escrita. É ai onde devemos enfatizar aos educadores e aos pais, que existem outras inteligências importantíssimas a serem valorizadas também. Como citado no filme, grandes gênios eram disléxicos, como Picasso e Walt Disney. 
Quando a inteligência de Ishaan foi valorizada, ele passou de criança problema, para um exemplo de aluno, o que resultou num olhar diferente de todos os professores para com aquela criança. Isso refletiu na autoestima dele, e na felicidade dos pais também. 
Quando vamos conversar com os pais sobre seus filhos, damos ênfase apenas ao que julgamos ser indisciplina? Ou levamos os pais a valorizar os potenciais da criança?  
Vou estudar Gardner novamente, mas agora com outro olhar (Rs). 

A explicação que o professor dá aos pais sobre o que é dislexia

A forma com que o professor se interessou pelo caso de Ishaan é muito interessante. Ele foi observando, coletando informações, investigando. Claro que seu caso pessoal ajudou. Mas vemos no filme que ele também atua em um local com crianças que tem outras necessidades especiais. E a atenção dada a cada uma, é de acordo com o que ela precisa.
Ele se interessou de verdade por aquela criança. Foi alem do que os outros professores viam. Foi até a casa dos pais para mostrar que seu filho não tinha nada de errado. Ele só precisava ser entendido de acordo com suas necessidades. Volto aqui a alguns tópicos acima. Talvez os pais não percebiam ou não queriam perceber. Alguém de fora (nesse caso o professor) ajudou os pais a perceberem isso. Mas para isso, o professor estava preparado. Sabia que ponto abordar para mostrar que Ishaan era disléxico. Os pais tiveram que concordar pois as atitudes relatadas pelo professor correspondiam a tudo que Ishaan fazia. 
A forma como vamos procurar ajudar os pais deve ser baseada em argumentos sólidos e não em "achismos". Devemos pesquisar bem para depois conversarmos com eles sobre nossas suspeitas. Mais uma vez vale lembrar que não daremos diagnósticos, mas podemos dar pistas de que algo a mais precisa ser observado. Também não vamos despejar isso como um problema. Temos que mostrar fatos e também mostrar possíveis estratégias de ajuda, caso seja aquele o diagnóstico confirmado. A família se sente mais segura. Para outras sugestões, vejam essa matéria aqui do site

Uau! Foram tantas lições que tirei desse filme que ainda teria muito mais coisas a dizer. 
Mas gostaria de saber de vocês que aprendizados tiraram desse filme espetacular. 
Vamos complementar o que foi dito aqui e enriquecer nosso olhar. 
Deixo abaixo links relacionados ao filme e também sobre dislexia para aumentarmos o conhecimento. 

Curiosidades sobre o filme - Blog Cinema Indiano - A crítica sobre o filme é maravilhosa. Vale a pena conferir.



Obrigada a todos.
Lu Fernandes Pedagoga.

Galeria Adriana Varejão 02_Foto Eduardo Eckenfels
E aí amigos, prontos para continuar passeando comigo no Museu Inhotim?

Na última postagem (para quem não viu clique aqui), falei da tela de início do Museu. Quase no meio da tela, tem uma paisagem e um boneco amarelo. Acima tem escrito UMA VISUALIZAÇÃO DE MUSEU. Nosso passeio hoje é por aí. 

O JARDIM BOTÂNICO


Já vimos as obras de arte. Hoje vamos conhecer o local que parece mais um paraíso, de tão lindo. 

Clicando em cima do boneco amarelo, vai abrir uma tela com um trajeto de natureza e ao lado, um mapa preto do local. Uma luzinha amarela mostra onde você está, e o lado que você está olhando. 

Passando o mouse no trajeto de natureza o símbolo do mouse se transforma em uma mão e aparece um círculo branco, meio transparente que te acompanha onde estiver passando o mouse. Tem também umas setas guia no chão. Elas servem para mudar a direção. Clicando na natureza, você vai passear pelo local. Clique a mãozinha exatamente onde quer ir, ou então use a seta de guia.
Se você clicar e segurar o mouse a mãozinha se fecha. Suba ou desça com ele clicado para olhar outros ângulos. Até o céu você vê. Se sua internet for boa, a experiencia será melhor ainda, rs.
Coleção de Palmares_Foto Ricardo Mallaco
Conforme você se movimenta, a luz amarela do mapa preto também se move. 
Tem cada coisa linda! 
Fala verdade, você está se sentindo dentro dessa natureza maravilhosa, não está?
Ai que vontade de ir pra lá!

INTERIOR DO MUSEU


Agora vamos com o mouse no mapa preto. 
Se quiser ir para outras áreas clique no local do mapa preto que quer ir pois ao passar o mouse, ele fica amarelo. 
Outra parte muito útil é o retângulo no mapa preto onde esta escrito ANDARES. Se clicar nele, poderá visitar os pisos do Museu propriamente dito. Ele também é sinalizado da mesma forma que a área externa: onde você estiver, a luz amarela sinaliza o ponto. E se quiser mudar de lugar, é só clicar na área desejada. 
Nessa parte também é onde poderá ver aquelas obras de arte da postagem passada mas no ângulo que você quiser e claro, conhecer muitas outras.  
Cildo Meireles_Desvio_foto Daniela Paoliello
Vou deixar que admirem essas fotos para que, assim como eu, vocês tenham vontade de visitar esse local, tanto virtualmente, como e principalmente, pessoalmente. 
Doug Aitken_Sonic Pavilion 02_Foto Daniela Paoliello

Lygia Pape_Tteia 01_Foto Daniela Paociello
Olha, que ideia surgiu agora. Caso você professor vá fazer algum trabalho na escola com os alunos que se relacione com jardim botânico ou museu, poderá fazer um passeio virtual com eles. Monte o projetor e passeie on-line com a turma. É um recurso tecnológico a mais. E que recurso para sua aula hein? 
Espero que tenham gostado desse passeio.

Eu amei! 

Se descobriram algo que eu não tenha visto me avisem, ok?

Abraços, 
Lu Fernandes Pedagoga